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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Perdoem a ausência. Triste...

Perdoem por haver me ausentado do blog, por tanto tempo. Bem, nem foi tanto assim, pois teve aquele "Quase cometi um crime", que fui orientada a excluir.
Hoje eu quero falar do como ando triste. Muito triste, na verdade.
No último sábado eu estive na reunião da Afada - Associação dos Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer e conheci duas famílias 'novas', ambas com os pais e maridos dando os primeiros passos em direção à demência total. Já não têm mais controle sobre suas funções motoras e orgânicas... começaram o período de 'dar trabalho'.
Eu ainda estou sendo poupada, pela bondade e misericórdia de Deus, desta fase, mas eu já estou na 'festa' há 9 anos e já vi muita gente adquirir a doença e depois falecer. Se não são bem cuidados e alimentados, eles fenecem, como flores num vaso, do qual não se troca a água.
Estas duas famílias estão convivendo com o 'alemão', há pouco mais de três anos, mas a doença teve uma evolução muito rápida, os doentes estão agressivos, recusam-se a ser higienizados pelas filhas (porquê só sobram as filhas, no final), socam as moças e xingam as esposas. Tornam-se o que minha mãe é: cansativos.
Aí, eu olho pra minha mãe, que em tudo depende de mim e somente de mim e, me dá aquele aperto no coração, quando eu elevo a voz com ela ou me recuso a responder a mesma pergunta que já respondi 534 vezes, há poucos minutos antes. Começo a pensar, como será quando ela atingir esta fase, pela qual estes senhores estão passando? Ela vai deixar-me ajudá-la com a higiene pessoal? Não vai esquecer que sou eu quem cuido dela, desde o comecinho da doença e vai começar a esmurrar-me e xingar-me?
Estou muito triste. Muito mesmo. Este não foi o futuro que sonhei pra mim. De jeito nenhum.
E meus irmãos curtindo suas famílias, trabalhando fora, arejando as cabeças e eu aqui, neste claustro que rouba os dias da minha vida; meus sonhos e planos.
Tantos são os palpites: por quê não põe alguém pra ajudar; pra você poder descansar um pouco?
Porquê minha mãe tem um gênio horrível e torna-se intratável com outras pessoas. Porquê eu não confio em deixá-la com estranhos, tenho medo de agressões; porquê vivemos com uma pensão, que dá pro nosso sustento, nada mais.
E tantas mães saudáveis por aí, que podem curtir os filhos e netos, sabem quem são e podem vê-los crescerem e, simplesmente se abstêm da bênção. Não ajudam os filhos, não participam da vida deles e, é tão importante. Ninguém garante que aquela mãe, não será a próxima vítima do Alzheimer.
Isto é triste. Minha mãe não lembra que tem netos.
Precisava compartilhar com vocês tudo isto, porquê é algo que está estraçalhando minha alma e eu não fiz nada pra merecê-lo.
Não esperem que a demência atinja vocês ou seus pais, pra mostrar-lhes amor e aprender mais deles. Toda informação que temos, de quem amamos, sempre é muito útil.
Um bom final de semana a todos. Beijos e mais beijos.

2 comentários:

  1. Amiga ao ler esse post chorei! Pois é verdade! Tem muitas mães e pais que se negam e desprezam seus filhos e netos!

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  2. Oi Gisele, saiba que vc está sempre em minhas orações! Sei que o que tem passado não é nada fácil! Que Deus te dê forças e te sustente nesta dura e árdua batalha! É difícil dizer algo que te console nesta hora de tristeza e solidão, pois as vezes perdemos a fé e a razão, mas quando o que é difícil se torna impossível, Deus começa a agir, abrindo uma porta onde não há saída! Um grande beijo, fique com Deus!

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