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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E lá se foi outro domingo!

Domingão, sempre aquela expectativa no blog! Será que vem uma bomba por aí, ou não? Não sei se é bomba. É só o relato de um mal fadado dia.
Pra variar (há semanas), meu irmão Dahyl não veio pro almoço. Eu não o culpo, até eu pedi uma marmitex ontem. Macarrão e frango, todo domingo, há incontáveis anos é demais pra qualquer um. Mas a mãe insiste em dizer: domingo sem macarronada e frango não é domingo! Coitada!
Ele foi aparecer com a família por volta das 14 horas e 14 e 30 já estava indo. Na semana passada, ele foi viajar coma família, pois está em férias. Perguntem quantas vezes ligou pra saber da mãe ou de mim? Nenhuma, é lógico. Pra ele tanto faz, eu estou aqui pra cuidar, então o mundo pode acabar... mas isto está prestes a mudar. Com a graça de Deus.

Sinto-me na obrigação de escrever para aqueles cuidadores que estão enfrentando, agora, a fase moderada da doença. Quando o doente faz tudo por si mesmo e executa algumas atividades seculares.
- Meu amigo, fique de olho aberto! Logo ele (o doente) estará fazendo compras, além de seu orçamento. Abrindo contas em vários lugares. Usando seu cartão de banco para tirar empréstimos. Acompanhe seus passos. Eu penei muito com a minha mãe, por conta disso.
Minha mãe, é bom que fique claro, foi diagnosticada muito precocemente, então os remédios vieram retardando o progresso da doença. Ela está em tratamento desde 2001, em plena forma física; andando; conversando; interagindo e dando muito trabalho. Por outro lado, ela está quase que completamente demente. Conviver com ela é uma provação diária, que não fosse a paciência e alguns métodos adquiridos no decorrer do caminho, eu já teria desistido há muito. Minha mãe é uma pessoa que se acha o centro do mundo e tem certeza de que eu tenho a obrigação de circundá-la e fazer-lhe as vontades 24 hora por dia. Fato que já é suficiente pra espantar qualquer cuidador. Ninguém aguenta. Ah! Ela também perdeu a noção de valor do dinheiro e sai pro mercado, gastando muito mais do que ganha com docinhos, bolachinhas e carne pros cachorros. Não tivesse eu proibido tais vendas, estaríamos na miséria.
Minha mãe é uma pessoa de índole má. Sempre foi. Não foi boa esposa,nem mãe. É uma pessoa de sorte por ter um filho ao lado dela neste momento. Não que seja minha primeira opção. De jeito nenhum, eu prefiro trabalhar e viver a minha vida. Coisas com as quais parei há 9 anos. Sanguessuga, já ouviram falar? Ela é uma sanguessuga. Retira pra si todas as minhas energias e alegria, sem dó, nem remorso. Sou eu quem tenho que fazer tudo, porque ela, apesar da saúde, não faz mais nada, só a macarronada no domingo. Ela não é sequer capaz de perceber quando sua roupa está fedendo a suor! Às vezes, ela passa ao meu lado e sinto aquele cheiro de vinagre que embrulha o estômago. Mas ela não. Jura que está com a roupa limpa e passou desodorante.
Estou sendo, até certo ponto maldosa, mas a intenção é das melhores, quero que os cuidadores estejam preparados pro que vem por aí, se já não estão passando por isso. Vocês vão ter que comprar desde as peças íntimas, até a tinta de cabelo que ela usa (quando for mulher). Marcar cabeleireiro e manicure. Lavar as roupas (pegá-las escondido), mesmo com ela dizendo que estão limpas. Pode crer, não estão.
E quando seu caso for igual ao meu, três irmãos que não ajudam com nada: Promotoria de Justiça. Eu estou com outro problema de saúde pra cuidar, por isso não vou atrás agora. Mas não esperem 9 anos pra procurar ajuda. Peguem o Estatuto do Idoso e dêem uma lida. Todas as informações que precisam estão lá.
E quando estiver muito cansado, mesmo (nesta fase moderada), faça como eu: decrete que aquele dia é seu dia de folga. Saia de casa pela manhã, vale ir pra qualquer lugar; procure esquecer a responsabilidade com remédios, pois um dia sem tomá-los, não fará diferença. Esqueça a cara do seu demente, nem se for às custas de umas geladas e só volte pra casa, num horário em que tenha certeza de que ele já dormiu.
Imaginou? Um dia inteiro pra você fazer o que quiser e esquecer que transformou-se num escravo de uma doença incurável, que só exigirá mais e mais de você?
É bom demais! Nem que seja trancada na sua edícula, no fundo do quintal, como eu fiz ontem. Só de roupa de baixo, deitada e com o ventilador em cima de mim! Que bênção!
Na segunda, começa tudo de novo. Você já faz o sermão no café, que é pra baixar a bola do doente, senão ele já levanta cheio de autoridade. E aí vá cumprir com suas tarefas diárias. Os cinco ou seis comprimidos já pela manhã; a inspeção na roupa e cabelo. Ver se a maquiagem não ficou igual pintura de guerra índia. Depois, vá pro seu PC e fale um pouco com os amigos. Geralmente a gente mais lê, que escreve. Porquê a ausência do mundo, gerou uma falta de assunto, mas vá. Até à hora em que tem que esquentar a barriga no fogão e, assim por diante.
Por isso, eu repito, não deixe passar 9 anos. Procure ajuda agora!
Uma ótima semana a todos.

Um comentário:

  1. Querida Gisele, adorei o teu post !...
    Admiro a tua franqueza, não tens papas na língua.
    Tbm eu, vivo um drama parecido, à 45 anos, com uma irmã excepcional.É a minha companheira,ela é muito tranquila, graças à Deus! Nas minhas orações, peço ao nosso Pai Maior, saúde, fortaleza de espírito, para levar até o fim a minha missão.
    Parabéns, pela tua coragem, e pelo Blog, que é muito bem elaborado.
    Que Deus te abênçoe !

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