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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ontem foi um dia estranho...

Oi pessoal! Bom dia. Luz e paz a todos.
Ontem eu fui levar a mãe, a propósito, ela se chama Nair, ao laboratório de imagens, para realizar uma mamografia e ultrassom. Eu também tive que fazer. Minha mãe foi mastectomizada em outubro de 2008 e câncer de mama pode ser genético, então... lá vou eu, fazer o quê?
Eu já fazia, mas é que agora tem um peso muito maior o resultado.
Rimos muito quando fiz o meu exame, porque eu sou gordinha e tenho 'peitões'. O exame dói pra caraca!
Aí eu ficava chamando a atenção dela pra o que a técnica tava fazendo comigo: 'aí mãe, virou uma panqueca, vou sair daqui com dois filés de alcatra pendurados na barriga'! E por aí afora. Rimos muito, pois, apesar de tudo, sou muito bem humorada.
Aí chegou a vez dela. Só uma mama. Já murcha e caída, deformidades do tempo, que é implacável. Eu fiquei olhando e me lembrei da cirurgia, quando o médico, após o procedimento veio dizer-nos que havia retirado toda a mama, por precaução. Senti uma dor tão forte no peito, parecia que ia morrer. Mutilação.
Chegou em casa e ela arrancou o dreno com as mãos, tava incomodando. Eu lembro que liguei pro meu irmão Dahyl e a Renata atendeu e me deu um esporro, como se culpa fosse minha. Como eu poderia imaginar que ao deixá-la na cama para dormir, faria uma coisa dessas? Minha cunhada foi de uma brutalidade tão grande comigo, que eu chorei horas a fio. Eu não tive culpa. Mas esta foi apenas uma das vezes em que ela me tratou como se fosse melhor que eu (o que não é, mesmo!).
Aí, chegou a hora do banho. Foi quando minha mãe tomou consciência de que um dos maiores indicadores de sua feminilidade e maternidade havia sido amputado. O desespero dela, os lamentos e lágrimas, são coisas que jamais esquecerei na vida. Como doeu! E só eu vi.
Aí chegou o tempo das quimioterapias e ela comia com a Renata, mas quando chegava em casa, se eu não tivesse feito paneladas de comida, ela entrava em desespero. Jurava que não havia comido nada, que minha cunhada a tinha deixado passar fome (reflexos do Alzheimer). Eu nunca disse isso a eles, pra que magoá-los? Eu sou resistente, aguento todas. Eles são frágeis, eu sei, sou a mais velha, ajudei a criá-los, mesmo porque minha mãe era muito doente, tinha problemas neurológicos. Eu brinquei; lavei; dei comida; levei pra creche; pra escola; apanhei (como um cachorro) pelas artes deles e minhas, é claro. Conheço-os como a palma da minha mão e sei que são infelizes. Todos eles.
Mas não é sobre eles que eu vim falar hoje, é sobre ELA.
Impossível não amar uma pessoa que passou por tudo o que ela passou na vida, saiu de casa aos nove anos pra trabalhar; sofreu assédio (quase abuso) do patrão, quando já era mocinha; perdeu o grande amor de sua vida (como eu); casou-se com meu pai (maravilhoso, mas alcoólico), que atribuía a ela adjetivos dos mais ofensivos, quando bêbado; teve quatro filhos, apesar de ter tentado de tudo pra abortar minha irmã, pois não suportava mais ser mãe. E, depois que tudo parecia tranquilo, dentro do possível, ganha um câncer pra coroar uma vida de sofrimento e poucas alegrias. Eu a amo e admiro, com todo meu ser. Tenho orgulho de ser filha dela, apesar de estar estressadíssima por causa da doença que ela tem.
Meu post de hoje é pra declarar minha dedicação e fidelidade a mulher mais importante da minha vida: MINHA MÃE.