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sábado, 7 de agosto de 2010

Amanhã é domingo. Valha-me Deus!

Amanhã é aquele dia, em que a topeira mãe (tem a topeira filha:eu), fica toda alvoroçada pra conseguir criar seu prato domingueiro: macarrão com frango (eu não posso mais nem ver!), porquê o filho amado e completamente despreocupado, Dahyl, vem almoçar em casa. Quer dizer, ninguém garante que ele venha. Na semana passada, se lembram-se, ele não apareceu, não telefonou, nem mandou um torpedo. Simplesmente sumiu e ela ficou esperando, com o grude na panela.
Só que o domingo começa hoje, pois ela já se informou que estamos no sábado e ela precisa providenciar os ingredientes para usar amanhã. Aí começa o MEU dia. Centenas de vezes a mesma pergunta: será que eles vêm? Bom, vou fazer o macarrão assim mesmo. A Renata diz que só vem aqui pra comer o macarrão. Gente, que mentira cabeluda! Eles estão fartos do mesmo cardápio. Não têm vindo almoçar pra fugir do menu. E a mãe achando que tá abafando.

Ah! Deixe-me contar outro problema que está muito agravado: ontem, ela saiu de casa, pra atrapalhar a vida de quem tem o que fazer, simplesmente oito (8) vezes!!! E não tem hora. É antes do almoço; depois do almoço então, uma loucura; à tardezinha; antes do jantar (tudo dos outros), porquê ela está lichando-se pra própria casa e pra sua higiene pessoal.
Eu, quando a vejo sair, raro, ela está com a mesma camiseta que usou durante toda a semana e que é uma carniça pura. Não sente o cheiro, perdeu o olfato. O cabelo é um sebo só. GENTE! Tem três tipos de xampu no banheiro dela. E no corpo, ela só usa sabonete, não passa bucha, mesmo depois dessa maratona diária! Como uma pessoa chega neste ponto?
Quando eu comecei a cuidar do Mal de Alzheimer, o médico disse, a evolução da doença é rápida, logo ela não reconhecerá mais ninguém; ficará catatônica e presa à cama; vocês terão que cuidar de sua higiene e dar comida na boca... isto foi há SETE anos atrás?
Quando eu recebi a notícia, fiquei super triste, mas conformada, pois minha passagem pela doença seria rápida, logo eu e meus irmãos colocaríamos uma enfermeira pra cuidar dela e eu seguiria com a minha vida, Ledo engano.
O caso da minha mãe é inédito diz o médico, o prazo maior de resistência à doença é de dois anos. Mas minha mãe, como tinha que ser diferente, ultrapassou todos os limites imagináveis e continua com a saúde física melhor que a minha. Só que dá muito trabalho. Pelo amor de Deus. Ela grita, me xinga, expulsa de casa, tem delírios sobre coisas que eu disse e fiz, quando sequer consegui vê-la. Uma situação que, se ela contar na rua, eu vou pra cadeia e eu mal vejo a minha mãe, ultimamente.
Vocês já ouviram a expressão "cachorro sem dono", pois é. Ela tornou-se um. Até oração eu já pedi, pra Deus acalmar as pernas dela e dar-lhe vontade de cuidar da sua casa; quem sabe o peso sobre mim diminuísse um pouco, já que Dahyl, Reca e Gonha não vão fazer nada, mesmo.
Ontem, eu estava na cama, deitada e pensando: se não Deus não vai dar-me descando em vida, não estaria na hora de morrer? Tá certo que a ordem natural das coisas não é esta, mas minha mãe é eterna; o trabalho imenso e constrangedor que ela dá só vai aumentar, então, porquê não dar um descanso (eterno) pra mim. Não vai mudar nada, pra mim, eu já não vivo há anos. Vai dar um trabalhinho por meus irmãos (acidentes genéticos) e, ela, acho que nem vai notar. Se não liga pro que eu digo hoje, não vai ligar mais.
Estou muito cansada, demais. E, os crentes (não cristãos) das igrejas dos meus irmãos, acham que eu reclamo de barriga cheia! Pai, perdoai-os, eles não sabém o que dizem.
Um bom domingo a todos.